Banco público puxa expansão do crédito e ganha espaço de privado

Sob pressão do presidente Lula para irrigarem o crédito no país após o congelamento do mercado na crise, os bancos públicos foram os que puxaram a expansão do crédito ocorrida no mês passado, quando as instituições financeiras privadas adotaram uma posição mais cautelosa e passaram a fazer fortes restrições à liberação de novos financiamentos.

Segundo dados do Banco Central, o volume de empréstimos oferecidos pelos bancos controlados pelo governo cresceu quase duas vezes mais do que no setor privado ao longo de outubro.

Os bancos públicos respondem por pouco mais de um terço (35%) dos financiamentos fornecidos pelo sistema financeiro e são liderados por Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES. Mesmo não tendo a maior fatia do mercado, sua atuação foi decisiva para fazer com que o volume de crédito disponível no país chegasse a um valor equivalente a 40,2% do PIB (Produto Interno Bruto), o maior nível já registrado desde o início da série estatística do BC, em 1994.

Para Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e ex-diretor do BC, é normal que, em momentos de crise, os bancos públicos atuem para tentar normalizar a situação.

“Os bancos públicos estão fazendo o mesmo que o Fed (o BC americano) está fazendo nos Estados Unidos, que é injetar dinheiro no mercado. Por causa de restrições da legislação brasileira, o BC do Brasil tem uma atuação limitada nesses casos, e o papel acaba sendo exercido pelos bancos públicos”, diz o economista.

Os números do BC mostram que a carteira de crédito dos bancos públicos cresceu mais do que a de bancos privados em todos os segmentos analisados, com destaque para a indústria, o setor de serviços e as operações com pessoas físicas.

Fonte: Folha de S.Paulo (Ney Hayashi da Cruz)