Os fundos fechados de previdência complementar têm R$ 44,5 bilhões em títulos públicos federais que vencem até 2010, mas devem antecipar a troca desses papéis para obter a melhor rentabilidade possível no atual cenário de queda das taxas de juros.
O diretor de Investimentos da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), Demósthenes Marques, confirma que os gestores mais eficientes, bem sucedidos nos momentos de crise, principalmente em 2005 e 2008, vão aproveitar as oportunidades oferecidas pelos leilões do Tesouro. “Deve ser batido o recorde de trocas”, avisou.
Na avaliação do integrante da Comissão de Investimentos da Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), Sílvio Rangel, há uma convergência entre os interesses do Tesouro e dos fundos de pensão porque ambos querem o alongamento. Ele explica que as taxas pagas pelas NTN-B, que já chegaram a 13%, estão no patamar dos 6%. “É preciso estar preparado para cruzar a barreira psicológica dos títulos longos pagando menos que a taxa de desconto atuarial”, diz.
Se a economia está mudando para melhor no Brasil, com redução dos juros, os fundos de pensão têm o desafio da adaptação ao novo ambiente. O secretário de Previdência Complementar, Ricardo Pena, comentou que já foi iniciada no governo, com muito cuidado, a discussão de novas normas de regulação do mercado. Revelou que uma nova resolução vai alargar alguns limites e simplificar regras para que os fundos possam tomar mais risco. A Abrapp informa que os fundos têm patrimônio estimado de R$ 424,57 bilhões, contam com mais de 655 mil assistidos e 2,21 milhões de participantes ativos.
De acordo com Pena, as carteiras dos fundos fechados têm, em suas composições, 45% de títulos públicos federais. Nesse universo, 73% dos papéis são ligados a índice de preços, 14% são pós-fixados e 11% prefixados.
A nova resolução que a SPC está preparando é muito esperada pelos gestores. Rangel, da Abrapp, comenta que o atual ambiente é de aumento da volatilidade e queda de rentabilidade, o que pressiona os fundos à busca de mais risco nos investimentos e corte de custos. O problema, segundo ele, é que a regulação em vigor não incentiva a gestão de longo prazo e as operações mais complexas, de maior risco, vão exigir uma adaptação da fiscalização. “Somos cobrados por resultados no curto prazo, mas nossa gestão é de longo prazo”, comenta.
Outro ponto de convergência entre governo e fundos de pensão é a recriação da Superintendência de Previdência Complementar (Previc). Rangel defende que esse é o caminho para a nova regulação em um ambiente de maior risco.
Em 20 de maio, a Comissão de Seguridade Social da Câmara aprovou o projeto de lei do Executivo que recria a autarquia que vai fiscalizar as entidades fechadas de previdência complementar. A proposta ainda tem de passar por mais três comissões, antes de ir ao Senado. Mas isso não será necessário se o plenário aprovar requerimento de urgência do deputado Jovair Arantes (PTB-GO). Criada por medida provisória no fim de 2004, a Previc chegou a funcionar por alguns meses em 2005, mas foi extinta porque a MP não foi votada e perdeu eficácia.
Fonte: Valor Online (Arnaldo Galvão)